Em um dia ensolarado no vibrante Mercado Municipal de Campinas, conhecido afetuosamente como o “Mercadão”, Carlos Rincon passeava entre os corredores aromáticos, cheios de especiarias, frutas frescas e o chamado constante dos vendedores. Foi quando ele notou uma figura que se destacava na multidão. Uma senhora de postura orgulhosa, vestida com uma blusa azul e um lenço colorido no pescoço, que lembrava os uniformes das comissárias de bordo dos tempos áureos da aviação.
Seu nome era Dona Isabela, e ela estava de braço dado com Elvis, o amigável peixeiro do mercado. Enquanto Carlos observava, ele viu os olhos de Dona Isabela brilharem com um misto de nostalgia e esperança ao compartilhar seu sonho com Elvis: ela sempre quisera ser comissária de bordo. Elvis, com um sorriso encorajador, balançava a cabeça em apoio enquanto ajeitava seu avental branco manchado de gelo e escamas.
Carlos se aproximou, curioso pela interação tão cheia de cumplicidade e alegria. Dona Isabela contou-lhe que, jovem, ela sonhava em voar pelos céus, cruzando oceanos e conhecendo novas terras. Mas a vida a levou por outros caminhos, e seu sonho de voar ficou guardado em algum lugar entre o cuidado com a família e seu trabalho no mercado.
Ao lado do balcão de peixes, com o olhar perdido no horizonte invisível por entre as barracas, Dona Isabela disse com um sorriso determinado: “Vou voar!”. Era como se, naquele momento, ela estivesse tomando uma decisão, e Carlos pôde ver a resolução em seus olhos.
Elvis, por sua vez, compartilhava do sonho de Dona Isabela, mesmo estando com os pés fincados no chão de seu estabelecimento. Para ele, o sonho dela era um lembrete de que nunca é tarde para acreditar e buscar o que o coração anseia.
Carlos, tocado pela história, prometeu a Dona Isabela que contaria sua história para que outros pudessem se inspirar. No “Mercadão” de Campinas, entre o cheiro de peixes frescos e frutas maduras, ele encontrou uma lição de vida: nunca é tarde para sonhar, e às vezes, tudo o que precisamos é de alguém que acredite em nós para nos dar a coragem de dizer “Vou voar!”.