No calor do meio-dia, sob um céu sem nuvens, Giovanni se estabeleceu em seu local favorito na costa rochosa da Sicília. Era um pescador experiente, com a pele curtida pelo sol e mãos calejadas que contavam histórias de mar e de paciência. Naquela manhã, Giovanni tinha uma companhia incomum; Carlos Rincon, um jornalista curioso sobre as tradições locais e as histórias do mar.
Giovanni, focado, preparava sua linha de pesca, um ritual que ele praticava desde menino. Carlos observava, admirado com a simplicidade e habilidade do pescador. O oceano diante deles se estendia até o horizonte, um azul profundo que escondia mistérios e lendas.
O jornalista quebrou o silêncio com uma pergunta que vinha martelando em sua mente desde que chegou: “Alguma vez você enfrentou perigos reais aqui, algo fora do comum?” Giovanni olhou para o mar, seus olhos refletindo memórias distantes, e começou a contar.
Havia sido dois dias atrás, disse ele, quando um tubarão enorme, um predador das profundezas, tinha mordido sua presa, um peixe que ele havia batalhado para pescar por horas. Em um ato de pura sobrevivência, o tubarão, em um movimento repentino e violento, acabou levando também os dedos de Giovanni.
Carlos ouviu, horrorizado e fascinado. As mãos de Giovanni, que ele via agora, inteiras e firmes, pareciam desmentir a história. Giovanni sorriu, um sorriso que atravessou décadas de experiência, e confessou que era uma piada local. O tubarão existia, sim, mas seus dedos haviam sido perdidos para o tempo e a artrite, não para as mandíbulas de um monstro marinho.
O jornalista riu, aliviado e um pouco envergonhado por sua credulidade. A história, apesar de fabricada, tinha uma pitada de verdade — o mar era um lugar de beleza e perigo, e Giovanni, com suas histórias, era tão parte dele quanto as ondas que quebravam nas pedras.
E assim, entre risadas e mais histórias, o dia se passou, com Carlos aprendendo não apenas sobre a pesca, mas também sobre a rica tapeçaria de histórias e lendas que os pescadores como Giovanni teciam, tão intrincada quanto as redes que lançavam ao mar.
Uma resposta
Foi trolado! Kkk Mas rendeu uma boa história!