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Pescadora de Ilusões

Em uma pequena vila à beira-mar, onde as casas eram pintadas em cores pastel desbotadas pelo sol e o sal, vivia Alina, conhecida pelos moradores como a guardiã das velas. No entanto, Alina tinha outro nome que lhe era caro, um segredo partilhado apenas com o mar e o céu: ela se considerava uma “Pescadora de Ilusões”.

Cada entardecer, Alina acendia uma vela e a colocava sobre um bilhete cuidadosamente dobrado, onde estavam inscritos seus desejos e orações. Essa noite, como de costume, ela segurava sua vela, o calor da chama aquecendo suas mãos calejadas pelo trabalho com as redes de pesca durante o dia. A luz da vela brilhava contra o cair da noite, um farol solitário em meio à escuridão que lentamente cobria a vila.

Alina não pedia por riquezas ou sucessos mundanos. Seus pedidos eram simples, ecos de um coração que conhecia a melodia da maré: saúde para sua família, segurança para os barcos que partiam ao amanhecer, e que o amor, aquele visitante raro e fugidio, pudesse encontrar seu caminho de volta para os corações daqueles que o haviam perdido.

O papel sob a vela era mais do que um portador de palavras; era um mapa do coração de Alina, um compêndio de esperanças e sonhos delicadamente entrelaçados. As gotas de cera que caíam sobre ele selavam seus desejos, como se prometendo que, enquanto a chama ardesse, suas esperanças não seriam esquecidas.

A lenda do Pescador de Ilusão era conhecida por todos na vila. Dizia-se que ele navegava em um barco invisível, tecido de bruma e espuma do mar, navegando pelas ondas do desejo e do sonho. Ele recolhia as ilusões perdidas, as esperanças não realizadas, e as guardava em seu barco fantasma, dando-lhes abrigo e propósito.

Naquela noite, enquanto a vela de Alina ardia, o vento trouxe sussurros do mar, palavras que apenas ela podia ouvir. Eram promessas do Pescador de Ilusão, garantindo que as esperanças contidas na chama seriam levadas nas asas da brisa para o vasto e misterioso oceano, onde todas as ilusões encontram refúgio.

Com a chama da vela refletindo em seus olhos, Alina sorriu, sua fé inabalável. Ela sabia que cada pessoa da vila, em suas próprias noites de vigília, se tornava um pescador de ilusões, lançando suas velas acesas ao mar das possibilidades. E ali, naquele ritual silencioso e luminoso, eles se uniam, uma comunidade tecida não só de redes de pesca, mas também de fios de esperança, todos à espera do amanhecer.

Uma resposta

  1. Considero a ilusão uma esperança, que trará satisfação um dia, o navegar nas brumas do tempo é desejo e realização , mesmo que seja só ilusão.

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